Eram 4 horas da manhã de domingo, dia 21 de março de 2021 quando comecei a sentir algumas contrações com uma leve cólica. Até então estava tendo algumas contrações de treinamento há alguns dias, mas não tinha essa dorzinha que me incomodava para dormir. Segui deitada tentando dormir a cada contração, que não tinha tempo certo entre uma e outra e era um incômodo bem suportável, então fiquei na minha.
Como era domingo, pedi um café da manhã delícia com pão na chapa e tudo mais, as dores continuavam, mas ainda era uma cólica, cada vez mais forte, porém bem suportável.
Tomei café da manhã e depois disso já não estava conseguindo fazer muita coisa de casa, então tudo eu pedia ajuda pro Igor (meu companheiro).
Às 11 e pouco da manhã resolvi tomar um banho de banheira para aliviar as costas e as cólicas, fiquei lá por quase 2 horas e foi mágico! Passaram as dores, consegui relaxar bastante!
Porém assim que saí da banheira elas voltaram e eu já estava inquieta, procurando posições pra ficar pois nada parecia confortável suficiente. Passei a tarde assim, mas ainda pedi um almoço bem gostoso e consegui almoçar super bem!
Teve um período da tarde que eu comecei a chorar, pois já estava cansada de sentir dores e o Igor estava de boa no computador, confesso que senti uma certa “raivinha” da tranquilidade dele, mas eu não queria ficar colocando muita pressão pois até aí eu ainda não tinha certeza se estava realmente em trabalho de parto ou não… Chorei escondida, porém depois disso acabei sendo um pouco seca nas conversas com o Igor e ele percebeu que eu já não estava muito bem. Aí ele ficou comigo e eu aproveitei para pedir pra ele forrar o bercinho pequeno que deixamos do lado da nossa cama, pedi pra ele colocar a capa no bebê conforto também pois eu queria fazer e não conseguia. Aí ele fez isso e já me deu um alívio pois mesmo com as dores a gente tá sempre pensando no que falta ser feito não é mesmo? ?
Depois o Igor foi dar banho no Spike, pois já estávamos pensando que seria bom ele já estar de banho tomado para receber a irmãzinha se ela viesse logo!
Anoiteceu e as dores pioraram, comi umas torradinhas às 22h e continuava inquieta, quando deu meia-noite resolvi ir tomar outro banho de banheira, pois pensei: “vai ser igual de manhã! vai passar quando eu entrar na água morna”. Pois dessa vez as dores não passaram nem na banheira, estavam cada vez mais próximas as contrações e eu não tinha muito descanso entre elas, mas senti um alívio na banheira então fiquei lá por 1:30h mais ou menos, Igor comigo o tempo todo. Colocamos a playlist que criamos para a Liz enquanto eu estava na banheira e tentamos relaxar um pouco.
Do nada eu quis sair da banheira, estava agoniada e nem deixei o Igor abrir o ralo para descer a água, fui saindo já e como o corpo esfriou, as dores vieram beeem mais intensas, agora sim posso chamar de DOR. Nessa hora eu fiquei com medo, pois a cada contração eu paralisava, era como se eu não conseguisse fazer nada e já estava achando que não ia conseguir ir pra maternidade nem nada! O Igor percebeu a diferença da minha reação a cada contração e começou a preparar a mochila dele com umas mudas de roupa e pegar as coisinhas que faltavam pra levar para a maternidade (sim, ele ainda não tinha feito a mochila dele rsrs) que eu tinha deixado numa lista compartilhada e foi suuuper útil! Ele fez tudo isso muito rápido, eu nem vi direito pois estava tendo uma contração atrás da outra, a cada 5 minutos mais ou menos… até que ele pegou meu vestido mais confortável para eu me vestir, e quando fui me vestir veio uma contração diferente, com uma pressão muito forte junto, e aí saiu sangue, era o tampão mucoso saindo! Nessa hora eu finalmente acreditei que ela estava vindo, porém fiquei paralisada, pensei que não ia conseguir nem chegar até o carro, não conseguia me mexer por causa das dores! O Igor foi muito focado e me puxou, falando VAMO VAMO, você consegue sim, temos que ir! E eu preocupada com o Spike, pois já eram 3h da manhã e eu não tinha avisado meus pais para virem cuidar dele, Igor falou que resolvia isso depois, que ele ia ficar bem e continuou me puxando para a cada intervalo eu ir!
Fomos para o carro, consegui me movimentar até lá uhuu! O problema do carro é que não tem como mudar de posição, então eu tinha que segurar as contrações sentada ali presa no cinto de segurança, e pedi pro Igor focar em dirigir calmo e não se preocupar comigo! E o caminho foi bem tranquilo porém rápido, chegamos às 4h da manhã na Pro Matre e vieram me buscar com uma cadeira de rodas, pois eu não estava confiante de andar até o PS não!
A triagem foi suuper rápida e logo eu fui para o primeiro atendimento médico, onde tive que responder algumas perguntas como: “foi tudo bem na gestação? seu exame de streptococcus deu negativo?” etc etc… Até aí eu tava conseguindo responder (entre uma contração e outra, claro). Aí a médica foi me examinar e viu que eu já estava com 8cm de dilatação! Fui encaminhada para o centro cirúrgico (as salas de parto normal estavam ocupadas), mas deixaram a sala escurinha, conseguimos colocar nossa playlist pra tocar, me deram uma bola de pilates para eu conseguir me movimentar, e ficamos lá só eu e o Igor, ele fazendo massagem nas minhas costas, eu mudando de posição toda hora, e me entregando a cada onda que vinha! Igor estava me ajudando muito me lembrando de respirar fuuundo a cada contração, e isso foi essencial, eu me entregava e focava na respiração, e foi assim até o final!
Ligaram para o médico pra avisar, porém ele não ia chegar a tempo, então fiz tudo com a equipe de plantão da Pro Matre.
A gente tinha deixado meu Plano de Parto na pasta que ficou no carro, a equipe me perguntou se eu tinha o plano, mas não ia rolar pegar, então tive que responder tudo sobre anestesia (que não queria), movimentações e etc.
Não tenho mais muita noção de tempo nessa hora, mas demorou um tempo até que eu estava na bola de pilates e minha bolsa estourou! Fez PÁ, e o Igor tomou um susto e eu também haha! Ele chamou a enfermeira pra avisar, e logo depois começaram a vir mais pessoas na sala de parto para saber o status e vieram fazer mais um exame de toque, que eu já não estava querendo deixar pois achava que estava muuito próximo, mas acabei deixando e deu dilatação total. Pensei: Viu! É isso! Ela já tá aquii, nem precisava fazer o exame… ?
(Nessa hora que a sala ficou cheia o Igor começou a se sentir mal, por conta do calor da sala que estava com o ar condicionado desligado, ele precisou sair para tomar um ar e uma água, e eu já pensando que ele ia perder o nascimento da menina! Mas ele voltou super bem em 3 minutos, ufa ?)
Eu achava que seria bem rápido a partir daí, mas ainda demorou um tempo, fiz o exame de cardiotoco e acabei ficando mais relaxada entre uma contração e outra, de quase dormir, cheguei a considerar anestesia não por causa da dor, mas por estar cansada e com sono, pensei: Se eu tomar anestesia eu consigo dormir um pouco e quando eu acordar já vai ser a hora (hahaha). Mas foi só um pensamento rápido mesmo, ainda bem.
Resolvi mudar de posição e ir para a bola de pilates de novo, lá percebi que melhorou o ritmo das contrações e tava ficando cada vez mais perto, aí me ofereceram uma banqueta para parto vertical como essa aqui:
E eu aceitei pois na bola não conseguia fazer a pressão para baixo direito.
Porém fiquei pouco tempo nesse banquinho, logo veio o médico e a enfermeira e pediram para colocar um acesso em mim caso precisasse me medicar em algum momento. Eu já não estava querendo mudar de posição e muito menos ter um acesso no braço, porém ela fez um discurso lá de protocolo e eu sem paciência acabei deixando, e também queriam fazer o cardiotoco de novo para monitorar o coração dela. Só que aí eu tive que mudar de posição e ir para a maca, e isso foi muito difícil pra mim, depois que eles fizeram o acesso e o exame de cardiotoco me liberaram para ficar na posição que eu quisesse, porém eu já não queria mais me movimentar, ela estava chegando! Falei que ia ficar ali mesmo! E fiquei…
Nisso comecei a sentir vontade de fazer força bem forte, a enfermeira me ajudou muito nessa hora, me guiou nas respirações a cada contração para eu fazer força da forma correta. Me deram apoio de pernas também e o médico pediu para dar um soro glicosado para ajudar a bebê a ter energia para sair, falei que tudo bem e nisso ela coroou! Me falaram que já dava para ver os cabelinhos, para eu continuar e ter força que faltava pouco!
Nisso o médico resolveu dar uma “ajudinha”, manipulando o períneo (acredito que foi algo como isso aqui) e nessa hora eu senti uma dor, uma ardência de ele ter mexido ali, eu não queria aquilo, mas não tive controle para falar NÃO na hora e também era tarde demais para mudar de posição.
Foquei nas respirações que a enfermeira e o Igor me ajudavam, fechei os olhos e me entreguei na força e nas respirações, mais umas 3 ou 4 vezes e ela nasceu próximo das 8 da manhã do dia 22 de março! Nem acreditei que eu tinha conseguido, que ela era real! Ver aquela carinha me olhando foi surreal, um sentimento único que não consigo explicar mesmo!
Aí ela veio direto para o meu peito, a enfermeira me ajudou com a primeira mamada e ela pegou o peito logo na primeira hora de vida!
Enquanto isso tinha muita coisa acontecendo, Igor cortou o cordão umbilical, teve o nascimento da placenta que o médico me mostrou e eu fiquei assustada com o tamanho (wow era enorme), e então o médico me disse que eu tive uma laceração e ele precisava dar anestesia local para dar uns pontos, falei tudo bem, mas essa hora me incomodou bastante, senti as picadas de anestesia, ele mexendo e costurando, e tive um sangramento alto depois do parto então me deram uma injeção no músculo da coxa para ajudar a parar o sangramento. Tudo isso ela no meu peito, então eu estava metade nas nuvens e metade no caos com tudo acontecendo!
Tudo isso foi muito rápido, então eles acabaram as intervenções digamos assim, e aí eu fiquei com ela por 1 hora e pouco no meu peito até eles levarem ela para pesar e etc, mas eles levavam e pesavam na mesma sala que estávamos, e o Igor do ladinho dela o tempo todo.
Depois fomos eu e ela para a sala de recuperação, enquanto o Igor foi buscar a mochila com as roupinhas dela e levar para o quarto. Lá na recuperação ficamos um tempo, eu tomando soro e ela tomou as vacinas e o primeiro banho, tudo do meu lado em um bercinho aquecido, gostei do esquema!
Demorou mais de uma hora na sala de recuperação, eu já estava louca para ir pro quarto, finalmente chegou o moço do transporte de maca e levou a gente, ela foi no meu colo e aí pudemos descansar…
Apesar da laceração, a minha experiência foi incrível e eu fiquei muuito feliz de ter acontecido tudo como (ou o mais próximo do que) eu planejei! Sou muito grata pela equipe da Pro Matre tanto no parto quanto na internação.
Esse texto foi escrito enquanto minha bebê dormia, se possível vou escrever o próximo contando com mais detalhes sobre o pós parto e minha recuperação!